No próximo domingo, 28 de maio, é comemorado o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna. Uma data que exige reflexão uma vez que o índice de mortalidade materna no Brasil é muito grande. E uma das formas de reduzir essas elevadas taxas é a prevenção. No Instituto de Promoção e de Assistência à Saúde de Servidores do Estado de Sergipe (Ipesaúde), a mulher inicia os cuidados ginecológicos ainda na infância e segue até o período pós-menopausa.
O serviço de ginecologia do Ipesaúde não se restringe apenas às mulheres interessadas em fazer o planejamento familiar. “Aqui no consultório eu atendo desde a criança, as que buscam o planejamento familiar até a consulta de pré-concepção, e também a mulher pós-menopausa.O acompanhamento e cuidado ginecológico deve ser feito em todas as fases da vida da mulher.”
De acordo com a especialista do Ipesaúde, o risco de complicações em uma gestação programada é muito menor, pois a paciente se prepara e avalia sua saúde antes mesmo de engravidar. “Quando a gente tem um planejamento, tem um controle maior do risco da paciente do que em relação a uma paciente não planeja, não realiza os exames de rotina anuais, não vem ao médico com frequência e a gente sabe que o risco de ter uma doença agravada durante a gravidez é muito maior, podendo trazer também algum problema para o bebê”, afirma.
Planejamento
Milla Jansen revelou que nas consultas realizadas no Ipesaúde sempre enfatizam não só o planejamento familiar, mas o pré-concepcional. “Às vezes a paciente vem para fazer o planejamento familiar e a gente já aborda sobre a vontade dela de ter ou não filho em algum momento da sua vida.É importante planejar o futuro gestacional, principalmente com relação a idade materna, pois alguns riscos aumentam após os 35 anos da idade mulher , tanto para a mãe, como para o bebe”, diz.
No Ipesaúde as mulheres têm pleno acesso ao serviço de pré-concepção e planejamento da gestação. “Aqui no Instituto durante a avaliação pré concepcional são solicitados : exames de laboratório, exame da citologia do colo do útero (lâmina) , ultrassons, verifica a situação vacinal se está completa ou não,avaliação odontológica de rotina, e se a paciente for identificada com qualquer alteração neste momento, já é encaminhada para tratamento, antes de engravidar. Aqui elas conseguem fazer o planejamento com muita eficácia”, avalia.
A médica ressalta a necessidade de fazer essa avaliação antes, porque é possível minimizar a chance da paciente desenvolver problemas como diabetes gestacional, hipertensão durante a gravidez ou que ela tenha uma pré-eclâmpsia. A especialista destaca também que quando a paciente já é hipertensa crônica ou diabética, o ideal é que ela faça o acompanhamento pré-concepcional com o seu médico especialista, no caso da hipertensão o cardiologista e em caso de diabetes o endocrinologista , para que ele faça uma avaliação sobre a medicação adequada, a verificação dos níveis pressóricos e glicêmicos para constatar se estão controlados e somente depois liberar para uma possível gravidez. Já para as pacientes com outras doenças prévias à gestação, é importante que façam avaliação com seu médico especialista na pré-concepção e mantenha durante todo o pré- natal.
Alimentação e hábitos de vida
Na consulta Milla Jansen fala com as pacientes sobre a importância da suplementação,que deve ser sempre individualizada de acordo com o que cada paciente precisa. A principal suplementação é do ácido fólico. “A gente indica hoje o metilfolato, que deve ser utilizado pelo menos um mês antes da concepção”, revela.
Outra orientação é em relação à alimentação, que deve ser rica em frutas, verduras, com a redução de carboidratos simples, principalmente pão e tudo que tem muito açúcar, refrigerante, embutidos, enlatados, industrializados. “É preciso realmente ter um consumo de alimentos mais naturais”, recomenda.
Mila reforça ainda sobre a importância de hábitos de vida saudáveis, como prática regular de atividade física e boa qualidade do sono.
É importante lembrar a data
Para a ginecologista, o importante de lembrar o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna é que quanto mais se planeja a gravidez, maior é a chance de diminuir a taxa de mortalidade. “É realmente importante pensar que as pacientes podem se planejar para engravidar. Quanto mais saudável na pré-concepção mais chance ela tem de ter uma gestação de baixo risco, e quando não tem, já que ela já está em acompanhamento prévio o risco vai ser muito menor, porque ela terá um controle maior”, enfatiza.
O Brasil assumiu o compromisso, ao firmar novo acordo, por intermédio dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), de atingir até o ano de 2030 o máximo de 30 mortes para cada 100 mil nascidos vivos. Os últimos dados do Ministério da Saúde são de 2020 e, no entanto, não demonstram muito avanço em relação a isso, uma vez que foram notificados 1.965 casos de mortalidade materna.
Conforme o Ministério da Saúde, através da aplicação do fator de correção pela Razão de Mortalidade Materna (RMM), em 2020, a estimativa do número de óbitos passou para 2.039, representando um aumento acentuado no número de mortes de acordo com a Razão de Mortalidade Materna (RMM), já que em 2019 a taxa era de 57,9 óbitos maternos a cada 100 mil nascidos vivos, número que passou para 74,7 em 2020.
Dentre as causas obstétricas diretas registradas em 2020, tiveram destaque: hipertensão, com 317 óbitos, hemorragia (195), infecção puerperal (76) e aborto (57). Já entre as causas obstétricas indiretas, destacam-se as doenças infecciosas e parasitárias (476), do aparelho circulatório (111) e do aparelho respiratório (54).