O verão chegou e com ele a estação mais quente do ano, por isso nada melhor que um bom banho de mar ou piscina para aliviar o calor. No entanto, os cuidados com o ouvido devem ser levados em consideração para prevenir algum tipo de infecção ou inflamação como a otite de verão, também conhecida como otite externa (inflamação superficial no ouvido, no canal que liga a orelha ao tímpano). É o que explica o otorrinolaringologista do Hospital de Urgências de Sergipe Governador João Alves Filho, Antônio Roberto Setton.
“Adultos e crianças estão sujeitos a essa condição clínica denominada otite externa aguda. Ela acontece devido a um processo inflamatório da pele do canal do ouvido e do conduto auditivo externo. Essa otite é conhecida como ouvido de nadador porque acontece muito por causa dessas práticas náuticas. A inflamação acontece quando a pessoa retira a proteção natural do ouvido que é a cera com a ajuda de um cotonete que é um hábito não salutar ou então a água retira”, explicou.
A otite acontece quando a água entra em contato com a cera do ouvido e gera uma hidratação da mesma que incha e dá uma sensação de ouvido cheio de água. Quando a pessoa tenta retirar com o auxílio de um cotonete, gera uma reação inflamatória da pele do canal auditivo que é habitado por germes comuns e que não fazem mal, mas, no momento que a pessoa gera uma agressão a essa pele, alguns germes penetram na intimidade do tecido promovendo a otite externa aguda.
O especialista explica a melhor forma de prevenção. “Evitar muito tempo de exposição dentro da piscina ou mar, na sensação do ouvido cheio de água não tentar retirar essa água pois, na verdade é a cera que está hidratada e bloqueando o canal da audição, procurar fazer uma consulta com o otorrinolaringologista para que ele possa fazer a retirada da cera ou resíduo acumulado dentro do conduto auditivo e às vezes, quando já existe um processo inflamatório é necessário que seja recomendado pingar algumas gotinhas dentro do ouvido com antinflamatório ou mesmo um curativo com um chumaço de algodão com cremes elaborados a base de antibióticos”, recomendou Antônio Roberto Setton.
Dados
No verão do ano passado (21 de dezembro de 2019 a 20 de março de 2020), o Hospital João Alves Filho, através do Sistema Integrado de Informatização de Ambiente Hospitalar (HOSPUB), registrou cerca de mil atendimentos a usuários com dor de ouvido, otites, corpo estranho, entre outros. O médico destacou que é comum nesse período de verão chegarem muitos casos no consultório envolvendo tanto as crianças como os adultos que são maioria.
“No adulto é mais frequente porque eles tentam limpar o ouvido de qualquer jeito e com qualquer objeto como tampa de caneta, chave, palito de fósforo, entre outros e como consequência disso a gente tem essas reações inflamatórias. Nas crianças é menos frequente e o que predomina é a otite média aguda que é um tipo de infecção localizada por trás da membrana do tímpano que tem como base a presença de infecções do trato respiratório como gripes, resfriados, sinusites, adenóides que promovem o bloqueio do canal de ventilação do ouvido médio e elas acabam apresentando essas otites”, concluiu o médico.