Zumbido, misofonia e hiperacusia afetam o a dia a dia da população e podem até causar ansiedade e depressão
Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que cerca de 2,5 bilhões de pessoas em todo o mundo terão algum tipo de problema auditivo até 2050 e que grande parte dela vai conviver com patologias como o zumbido, a misofonia (reação emocional a sons) e a hiperacusia (alta sensibilidade a sons), porém sem buscar ajuda médica. Reverter esse possível cenário é um dos objetivos da Campanha Novembro Laranja, iniciativa que alerta para importância dos cuidados com a saúde auditiva, destacando as formas de prevenção e tratamento.
O zumbido, sintoma mais comum entre as pessoas, afeta cerca de 20% da população mundial, conforme os dados da OMS. No Brasil, em média 28 milhões de pessoas convivem e têm o bem-estar afetado por esse distúrbio, caracterizado pela audição de um som constante ou que vai e volta, sem ter nenhuma relação de causa e efeito com o ambiente.
“O zumbido é a percepção auditiva de algum som que não existe. Conscientemente, o paciente escuta algum barulho, mas esse barulho não tem uma fonte externa. Esse zumbido pode ter diversas formas, desde um apito até um barulho de cachoeira, de ventilador ou eventualmente um bater de asa de borboleta”, detalha o otorrinolaringologista Lauro Abud.
A hipersensibilidade na percepção de sons também é um problema que afeta a população. É o caso da misofonia e a hiperacusia, que apesar de apresentarem semelhanças, são patologias de caraterísticas distintas. “A misofonia, também conhecida como Síndrome da Sensibilidade Seletiva a Sons, é um desconforto ao escutar barulhos repetitivos e de baixa intensidade, como o engolir, o bater de uma caneta e A mastigação. No caso da hiperacusia, a pessoa não tolera ouvir sons de moderada a alta intensidade e/ou contínuos que, na grande maioria da população, não causam desconforto, a exemplo do ventilador”, detalhou Lauro Abud.
O otorrinolaringologista destaca que, em todas essas patologias, os sintomas podem aparecer de forma isolada ou em conjunto, afetando diretamente o dia a dia do paciente e gerando dificuldade de dormir, ansiedade, falta de concentração, queda de rendimento escolar ou no trabalho, isolamento social, crise de ansiedade e até depressão. A incidência não está relacionada apenas ao fator idade, mas também a hábitos de vida e patologias secundárias.
“A incidência do zumbido também pode estar relacionada a problemas de saúde secundários, como a hipertensão, diabetes e o uso de medicações para diversas doenças, além de algumas vacinas, a exemplo da vacina contra covid-19. Os jovens também podem sofrer com zumbido até mesmo pela exposição constante com fones de ouvido e com um mundo muito mais barulhento. Já no caso da misofonia e hiperacusia, não há obrigatoriamente uma alteração auditiva ou doença de fato e, muitas vezes, elas podem estar atreladas a questões emocionais”, esclareceu.
Identificação, tratamento e prevenção
De acordo com o otorrino Laudo Abud, a identificação de problemas auditivos é feita através da avaliação clínica inicial com o especialista e por meio da avaliação dos resultados de exames auditivos ou não. No caso do tratamento de zumbido, misofonia e hiperacusia, a causa é um fator determinante para a definição do protocolo a ser seguido.
“No caso do zumbido, o tratamento é realizado considerando os fatores que o causou. A misofonia e hiperacusia nem sempre possuem por trás uma alteração auditiva ou doença. Muitas vezes, podem estar atreladas a fatores de ordem de CUNHO emocional. Portanto, precisa de uma avaliação, por vezes não só do otorrino, mas de uma equipe multidisciplinar que pode incluir psicólogo, psiquiatra e neurologista”, informou.
Já sobre a prevenção, o especialista reforça a necessidade da avaliação periódica. Também é preciso procurar ajuda médica de imediato quando houver aparecimento de sintomas e, principalmente, manter hábitos saudáveis. “É preciso melhorar os hábitos, como por exemplo, utilizar corretamente o fone de ouvido, estar atento à exposição correta a ruídos e tratar, se houver, doenças que podem causar o zumbido. Atrelado a isso, o ideal é manter a prática regular de atividade física, boa hidratação, alimentação saudável, a qualidade de sono e a qualidade de vida em geral. É importante focar na saúde integral do paciente, tanto física, quanto mental e espiritual”, finalizou Lauro Abud.