Mais um sergipano deu a oportunidade de viver a quatro pessoas em três estados brasileiros. A captação dos órgãos aconteceu nesta terça, 06, no Hospital de Urgências de Sergipe Governador João Alves Filho (Huse). A família de um jovem de 23 anos autorizou a doação dos órgãos.
O fígado foi enviado para o Rio de Janeiro, o coração e um dos rins para Recife e o outro rim para Vitória, no Espírito Santo. Os órgãos seguiram em uma viatura do SAMU para o embarque no aeroporto de Aracaju. Uma corrida contra o tempo para salvar vidas.
O coordenador da Central Estadual de Transplante, Benito Oliveira Fernandez, destaca a importância do doador declarar seu desejo de doar os órgãos aos parentes. “A lei estabelece que cônjuges ou parentes até segundo grau são os responsáveis em autorizar a doação de órgãos. Por isso, é importante conversar com os familiares sobre o desejo de ser doador porque facilita muito a decisão da família”, destacou.
Benito ainda destaca que esse momento, mesmo diante de muita dor, pode ressignificar a morte dando nova oportunidade de vida para as pessoas que estão na fila de transplantes. “Hoje, no Brasil, temos mais de 40 mil pessoas na fila de transplantes. A gente tenta despertar nas pessoas que hoje pode doar, mas depois pode precisar receber de alguém. Sem o doador a gente não pode fazer nada”, disse.
Quando há um paciente com suspeita de morte encefálica, a equipe médica informa para a Central de Transplantes que há um possível doador. A Organização de Procura de Órgãos (OPO) vai até o local, acompanha o diagnóstico, acolhe a família e dá a oportunidade da doação. Segundo Benito, com a autorização da doação, alguns exames são realizados. “Fazemos exames sorológicos, RTPCR para covid-19 e a avaliação de cada órgão para saber a viabilidade do transplante. Estando tudo bem, marcamos a captação e fazemos a oferta dos órgãos para as equipes de transplantes. O coração e o pulmão, por exemplo, só podem ficar quatro horas fora do corpo. Tudo tem que ser feito de forma rápida para que o receptor seja preparado pra receber o órgão”, explicou.
A coordenadora da Organização de Procura de Órgãos, Janaína de Almeida Santos, destaca o trabalho desenvolvido na captação. “A OPO é responsável pelo fechamento do protocolo de morte encefálica. Quando os pacientes são viáveis para a doação de órgãos, acompanhamos todo o processo até a entrega dos órgãos aos seus destinos”, destacou.
Janaína ainda destaca que a pandemia trouxe uma redução significativa nas doações de órgãos. Em 2019 foram 18 captações, em 2020 houve uma redução para 11 captações. Em 2021 a situação ainda é mais preocupante. Até agora, foram 3 captações. Duas no mês de junho e uma em julho.