“É fundamental que a família fortaleça uma rede de apoio, acolhendo esse familiar e deixando explicito que ele é importante para família”, orientou o doutor
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o isolamento social está se tornando uma verdadeira epidemia, afetando um em cada quatro adultos. No dia 26 de julho é celebrado o Dia dos Avós, e é justamente esse público o mais afetado com a solidão.
O psicólogo e doutor em psicologia, Rodrigo Oliveira Damasceno, que atua na área de Saúde Mental, Psicologia do Desenvolvimento e Psicologia Cognitiva, explica que a solidão impacta diretamente na saúde mental da população. Em relação a população idosa, a solidão
prejudica o bem-estar emocional e social, aumentando, assim, o risco de doenças cardiovasculares e, principalmente, de transtornos mentais como depressão.
“O sentimento de abandono, de rejeição e a falta de perspectiva de futuro são sentimentos que abrem as portas para o adoecimento mental, como mostra a pesquisa realizada pelo IBGE (2021), que aponta que a depressão ocorre em cerca de 13% da população brasileira
que está na faixa dos 60 aos 64 anos de idade. Um dado alarmante, já que a expectativa de vida no país aumentou”, alertou o doutor, que também é docente da Faculdade Ages de Irecê.
Ainda segundo Rodrigo, a solidão pode desencadear doenças como depressão, ansiedade, potencializa o risco de suicídio, também pode acarretar doenças cardiovasculares, hipertensão, comprometimento do sistema imunológico e declínio cognitivo.
Para ajudar os idosos a enfrentar essa solidão, é fundamental que a família fortaleça uma rede de apoio, acolhendo esse familiar e deixando explicito que ele é importante para família. “A família, juntamente com o idoso, pode buscar grupos de apoio na comunidade,
como atividades em centros de convivência, grupos de dança, academia na praça, grupos de arte e outras atividades em que essas pessoas possam se sentir úteis”, destacou o professor.
Independentemente da idade, é importante fazer planos, traçar metas, mudar o estilo de vida, buscar fazer coisas novas e buscar ajuda profissional para auxiliar no cuidado da saúde mental e física.
“Atualmente se torna cada vez mais forte e evidente o etarismo na nossa sociedade, que é o preconceito contra pessoas em relação a sua idade. Esse preconceito vem crescendo no Brasil e no mundo e tem consequências principalmente no mercado de trabalho, em que
essas pessoas são tratadas como ultrapassadas, sendo substituídas por pessoas mais jovens”, apontou o Rodrigo.
Segundo o psicólogo, é fundamental refletir sobre essa prática cruel, já que ser idoso não é sinônimo de invalidez. “A reflexão também necessita perpassar na questão de que daqui a algumas décadas teremos uma população mais idosa do que jovem, devido ao aumento da expectativa de vida. Uma pessoa com 65 anos, hoje, é completamente diferente de uma pessoa com 65 anos há 40 anos. As condições de saúde, educação, segurança, alimentação, qualidade de vida são completamente diferentes. Esses indicadores permitem com que envelheçamos de forma mais saudável”, finalizou o docente da Ages.