A produção de laranja em Sergipe em 2024 deve crescer cerca de 15%, segundo análise da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro). De acordo com o órgão, em 2023 a produção geral da fruta foi de 382 mil toneladas e, em 2024, a expectativa é superar 439 mil toneladas. O crescimento contraria o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que em janeiro deste ano previu a queda de 3,9% na produção no estado.
A ampliação da safra em Sergipe vai de encontro também à redução prevista para o Brasil, que poderá registrar, ao fim do ano, decréscimo devido, principalmente, ao greening, doença que tem afetado grandes produtores do país nos estados de São Paulo e Minas Gerais.
O diretor de Assistência Técnica e Extensão Rural da Emdagro, Jean Carlos Nascimento Ferreira, explica que o bom desempenho dos pomares de Sergipe se dá pela soma de fatores, três deles ligados diretamente a iniciativas do Governo de Sergipe: a sanidade dos pomares, o controle sanitário nas fronteiras feito pela Emdagro e a produção de mudas saudáveis em viveiros telados. Além do trabalho desempenhado pela Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) e da Emdagro, as condições climáticas favoráveis também ajudam no resultado.
“O IBGE anunciou a queda em torno de 3,9%, mas estamos vendo que Sergipe terá um acréscimo de mais de 15% da produção. Isso é muito significativo, porque a média de produção de Sergipe hoje é em torno de 14,8 toneladas por hectare. Em algumas propriedades, há a perspectiva de chegar a 35 toneladas por hectare, ou seja, maior que o dobro, em uma área que não é irrigada. Isso é fruto da assistência técnica realizada pelos técnicos da Emdagro”, destaca Jean.
Sergipe se mantém como o quinto produtor nacional de laranja e o segundo do Nordeste. A cultura da fruta representa 14% do total do valor da produção agrícola sergipana e, em março deste ano, o suco de laranja foi responsável por 68,5% do valor total das exportações no estado, que contabilizam aproximadamente US$ 9,8 milhões. Já no ano de 2023, Sergipe respondeu por 99% do valor de exportações nordestinas de suco de laranja.
“A cadeia produtiva é imensa. Para se ter uma ideia, uma tonelada de laranja está sendo vendida de R$ 1,8 mil a R$ 2 mil e esse recurso volta para economia do estado, ajudando o nosso PIB. Estamos vivendo novas épocas, com o Governo do Estado também priorizando o pequeno produtor para colocá-lo de volta na cadeia produtiva, o que é o papel da Emdagro e da Seagri”, enfatiza o diretor de Assistência Técnica e Extensão Rural da Emdagro.
Mercado
O bom cenário de Sergipe coincide com um momento também de alta do preço da laranja, que teve o valor elevado devido a perdas de lavouras contaminadas pelo greening no sudeste do país. “Sergipe está fazendo o dever de casa, com barreira nas divisas, sanidade no material, fiscalização, erradicação de mudas clandestinas. Sergipe está se cercando para que o greening não chegue aqui. Assim, se São Paulo não tem laranja, eles vêm comprar de Sergipe e, no momento que eles vêm comprar aqui, melhora o preço. Acreditamos, pelos estudos e acompanhamento que estamos fazendo, que os próximos dez anos serão bastante promissores para a cultura da laranja no estado”, comenta Jean.
Em Boquim, oitavo município produtor de laranja em Sergipe, o agricultor Antônio Pereira quase desistiu do cultivo do citros, mas com o apoio da assistência técnica da Emdagro viu a produtividade crescer e, hoje, colhe o fruto a cada dois meses, antes a colheita só era possível a cada oito meses.
“Com a assistência da Emdagro, em um ano e meio, o resultado reverteu totalmente, então passei a fazer novos investimentos na laranja. Agora, a produção está excelente, no ano passado tive uma média de 29 toneladas por hectare, acima da média de Sergipe. Foram cerca de 220 toneladas produzidas. E, neste ano, a expectativa é melhor. Estamos querendo chegar de 300 a 360 toneladas”, almeja seu Antônio.
Ele ressalta que a laranja movimenta toda uma cadeia produtiva. “E é muita gente envolvida com a atividade na região, tem as casas que vendem produtos, o óleo diesel, o tratorista, funcionários fixos, o pessoal que tira a laranja, o caminhoneiro, então há a distribuição de renda no local para muita gente”, pontua o produtor, que hoje vê a produção chegar a mercados não só de Sergipe, mas de outros estados, como Maranhão, Paraíba e Fortaleza.