Assunto foi pauta de reunião com estudantes de Direito envolvidas em iniciação científica

O que acontece com as vítimas do trabalho degradante depois do resgate? Esse questionamento trouxe estudantes de Direito da Universidade Tiradentes (Unit) ao Ministério Público do Trabalho em Sergipe (MPT-SE) na manhã da última quarta-feira (19). As estudantes, que estão envolvidas em projetos de iniciação científica e mestrado, foram recepcionadas pelo procurador do Trabalho e coordenador regional da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Conaete), Adroaldo Bispo.

De acordo com o procurador, o MPT-SE, através do projeto Tradi (Trabalho Digno), tem buscado a elaboração e implementação de um fluxo de atendimento como parte de um trabalho preventivo. “O intuito é que pessoas em situação de vulnerabilidade econômica e social não voltem a ser escravizadas ou tenham membros da sua família sujeitos a trabalhos degradantes”, explicou. A expectativa é de que, além da assistência voltada à saúde física e psíquica, as vítimas sejam inseridas em programas sociais e sejam ofertados cursos de alfabetização, capacitação e qualificação profissional, além de encaminhamento ao mercado de trabalho.

O tema tem sido cada vez mais explorado na relação com pesquisa e extensão, com o objetivo de ampliar a visão dos futuros juristas para grandes problemáticas sociais. Lys Ribeiro, estudante de 3° período, disse que entender a complexidade do problema foi fundamental. “Os conhecimentos que adquiri vão me ajudar bastante nas pesquisas sobre o futuro da rede e o fluxo que será oficializado. Perceber a necessidade de ajuda integrada entre os órgãos públicos relacionados com a temática para que realmente haja a mitigação do trabalho análogo à escravidão foi muito importante”, afirmou.

A mestranda Carolina Prado, que também participou da reunião, disse que a manhã foi proveitosa. “Minha dissertação é sobre o trabalho escravo no Brasil e com a ajuda do procurador Adroaldo eu consegui entender a melhor forma de direcionar o conteúdo”, destacou.

Projeto Tradi

O Projeto Tradi foi implementado em Sergipe em 2021, pelo Instituto Social Ághata, em cooperação técnica com o MPT-SE. Seu objetivo é promover ações de prevenção, para evitar que a escravização de trabalhadores aconteça. A iniciativa envolve a articulação e qualificação de atores da rede protetiva de direitos fundamentais nas cidades. Em 2024, no âmbito do projeto, o município de Canindé foi escolhido para implementação do fluxo de assistência, que servirá de modelo aos demais municípios.