Não. Segundo um estudo publicado pelo jornal científico “Molecular Pharmaceutics” fica comprovado que ingerir bebida alcoólica enquanto há uso de medicamentos pode ser mais perigoso do que se imagina.

O álcool é transportado pelo sangue para os tecidos que contém água, sendo as maiores concentrações no cérebro, fígado, coração, músculos e rins. Cerca de 95% do álcool ingerido é metabolizado por enzimas especiais no fígado, as mesmas enzimas que metabolizam os medicamentos. Assim, quando ocorre um consumo simultâneo, existem menos enzimas “livres” para metabolizar o remédio, de forma que ele fica agindo por mais tempo. Isso, porém, não significa que o efeito será mais duradouro, mas sim que há um risco maior de intoxicações.

Além disso, por ter um efeito diurético, o álcool aumenta a quantidade de sangue que é filtrada pelos rins, alterando a etapa de eliminação de medicamento. Essa modificação faz com que o medicamento fique menos tempo no organismo do que o necessário, diminuindo seu efeito.

O autor do estudo, Christel Berstrom, destacou que o álcool pode alterar a interação de enzimas e de outras substâncias corporais quando entra em contato com ao menos 5 mil medicamentos disponíveis no mercado, vendidos com ou sem prescrição médica, interferindo em sua potencialidade, a exemplo:

Álcool e dipirona: o efeito do álcool pode ser potencializado.

Álcool e paracetamol: Aumenta o risco de hepatite medicamentosa.

Álcool e ácido acetilsalicílico: Eleva-se o risco de sangramentos no estômago. O acetilsalicílico irrita a mucosa estomacal. O que seria um leve transtorno pode ser potencializado pelo álcool.

Álcool e antibióticos: Essa associação, especialmente com alguns tipos de antibi[óticos, pode levar a efeitos graves do tipo antabuse (o acúmulo desta substância tóxica causa efeitos como vômitos, palpitação, cefaleia (dor de cabeça), hipotensão, dificuldade respiratória e até morte). Por exemplo: Metronidazol; Trimetoprim-sulfametoxazol, Tinidazole, Griseofulvin. Outros antibióticos como cetoconazol, nitrofurantoína, eritromicina, rifampicina e isoniazida também não devem ser tomados com álcool pelo perigo de inibição do efeito e potencialização de toxicidade hepática.

Álcool e anti-inflamatórios: Aumentam o risco de úlcera gástrica e sangramentos.

Álcool e antidepressivos: Aumentam as reações adversas e o efeito sedativo, além de diminuir a eficácia dos antidepressivos.

Álcool e calmantes (ansiolíticos): Ansiolíticos (benzodiazepinas): Aumentam o efeito sedativo, o risco de coma e insuficiência respiratória.

Álcool e inibidores de apetite: O uso concomitante com os supressores de apetite não é recomendado visto que pode aumentar o potencial para ocorrer efeitos sobre o SNC, tais como: tontura, vertigem, fraqueza, síncope e confusão.

Álcool e insulina: Pode gerar hipoglicemia, pois o álcool inibe a disponibilidade de glicose realizada pelo organismo, portanto a alimentação deverá ser bem observada, pois com o álcool a única disponibilidade de glicose vem das refeições; vale ressaltar que também pode causar efeito antabuse. Uso agudo de etanol prolonga os efeitos enquanto que o uso crônico inibe os antidiabéticos.

Álcool e anticonvulsivantes: Aumentam os efeitos colaterais e o risco de intoxicação enquanto que diminui a eficácia contra as crises de epilepsia.

Diante de tudo acima descrito, fica claro que misturar medicamentos com álcool vai além de ‘cortar efeito’ e em caso de dúvidas, sempre busque informações com o médico ou o farmacêutico sobre a melhor forma de fazer seu tratamento.