“O dia 8 de março não é um dia para recebermos flores. É um dia de luta”. Foi com esse tom que a deputada estadual de Sergipe, Linda Brasil (Psol), iniciou sua fala no Grande Expediente da Sessão Plenária da Assembleia Legislativa de Sergipe, nesta terça-feira, 7. Com o intuito de provocar o parlamento estadual sobre os desafios enfrentados pelas mulheres na sociedade sergipana, a deputada destacou a importância do Estado fortalecer as políticas públicas de enfrentamento aos problemas sociais que vitimizam as mulheres, a exemplo do machismo estrutural, da violência doméstica e do feminicídio.
O Brasil registrou, no ano passado, pelo menos um feminicídio por dia, de acordo com dados do terceiro relatório “Elas Vivem: Dados Que Não se Calam”, elaborado pela Rede de Observatórios da Segurança. Esse mesmo estudo mostra que, a cada quatro horas, uma mulher sofre algum tipo de violência. Dados que comprovam a afirmação da deputada que, em sua fala, lamentou que a sociedade brasileira ainda seja protagonista de dados tão cruéis.
“Existem vários tipos de violência, principalmente vindas daquelas pessoas que dizem nos amar. Pelo simples fato da mulher não mais suportar, querer se livrar dessa relação violenta, ela acaba sendo vítima de diversos tipos de violência. Primeiro começa querendo controlar a forma como ela fala, como ela se veste. Depois, o agressor começa a controlar os locais onde ela frequenta, com quem anda. Chegando a violência psicológica, física e até ao feminicídio. Não podemos mais tolerar a violência contra nós, mulheres. Temos que denunciar qualquer tipo de comportamento agressivo. Respeitem as nossas corpas. Deixem-nos viver. Queremos nossos direitos. Basta de tanta violência”, invocou Linda na plenária.
A deputada refletiu sobre os retrocessos provocados pelo último governo federal. “Durante o desgoverno Bolsonaro nós fomos as mais afetadas com o aumento do desemprego, da fome, do endividamento, da miséria, das violências, do extermínio de indígenas, com a ampliação de armamentos, das chacinas das comunidades negras, com a perseguição quando vítimas de estupro, com a destruição do meio ambiente e com o menosprezo de nossas vidas durante a pandemia. Mas nós sobrevivemos! Agora é tempo de construir o Brasil e recuperar os nossos direitos, inclusive derrotar o machismo e a misógina”, reforçou a parlamentar.
Emancipação Feminina
A deputada registrou o dado divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que mostra que as mulheres são 53% do eleitorado brasileiro, mas apenas 15% dos cargos eletivos. Linda destacou a necessidade de estimular a consciência política e a união das mulheres na luta pela igualdade social. “Temos que ocupar os espaços de maneira consciente, com o fazer político voltado à emancipação feminina e, principalmente, defendendo o fortalecimento da luta por direitos e igualdade. Só unidas vamos desconstruir os estereótipos impostos a nós pelo machismo, por esse sistema patriarcal que teme quando as mulheres empoderadas ocupam esses espaços”.
Repúdio
Linda aproveitou a oportunidade para repudiar movimentos criados e intensificados nas redes sociais com o objetivo de enfrentar o crescimento do feminismo. A deputada registrou os últimos acontecimentos, divulgados pelo Fantástico, onde mulheres estão sofrendo ameaças de mortes por integrantes do movimento. “Temos que denunciar, repudiar esse movimento perverso, que tenta intimidar mulheres fortes, mulheres empoderadas, mulheres que lutam por igualdade, por justiça”, reforçou.