Comissão de Direitos Humanos do CRP dá sugestões de como enfrentar o tempo de quarentena

 Estamos passando por um momento muito difícil com a pandemia do Covid-19, sujeitos a um forte estresse psicológico, que pode fragilizar e comprometer o enfrentamento da situação. Por isso, a necessidade de maiores cuidados com a saúde mental, de modo a minimizar os danos, e até, como possibilidade, sair resiliente dessa crise.

Diante desse cenário, a Comissão de Direitos Humanos (CDH), do Conselho Psicologia de Sergipe (CRP19) construiu, coletivamente, sugestões para contribuir com a prevenção e manutenção da saúde psíquica em tempos de quarentena.

“Entendemos que algumas delas podem não se encaixar em contextos sociais de maior vulnerabilidade, comuns a nossa população, a exemplo de residir em casa com grande número de pessoas, ter saneamento básico e disponibilidade de água precários, não ter residência, como as pessoas em situação de rua, viver em situação de violência doméstica ou trabalhar em situações análogas à escravidão, ter escassos recursos financeiros, inclusive para se alimentar ou ainda vivenciar negligências ao observarmos a proteção integral preconizada pela lei a crianças e adolescentes, entre outras situações. Por reconhecer essas condições e dificuldades, ressaltamos a importância de lutar, coletivamente, pela redução das desigualdades sociais e em prol dos direitos humanos” esclareceu o Prof. Msc. Fernando Antônio, Conselheiro do CRP19 e presidente da CDH.

Para a Conselheira Camila Calaça, psicóloga do CAPS III Davi Capistrano, com  residência em Saúde Mental (UFS), educadora popular em saúde pela Fio Cruz e coordenadora do GT de Gênero e Diversidade Sexual do CRP19, diante da calamidade pública da qual passamos é preciso considerar a experiência singular de cada sujeito. “Lembre-se: a pandemia irá passar. Não sabemos quanto tempo deveremos manter-nos em quarentena, ou se teremos mais de uma, porém, a médio prazo, o contato presencial voltará a ocorrer. Na China e na Coréia do Sul, por exemplo, as pessoas já estão, lentamente, retornando às interações sociais presenciais. No Brasil, isso também ocorrerá”, falou.

Calaça diz ainda que é comum, nesse período, o aumento na intensidade da ansiedade, do medo, da sensação de pânico ou desânimo. “Construa as suas estratégias de enfrentamento, que podem estar baseadas na forma de respirar, em exercícios físicos (com suas limitações espaciais), no fortalecimento da espiritualidade, nas conversas com familiares e amigos pelas diversas mídias sociais, no estudo ou até nas atividades laborais. Porém, caso não consiga lidar com a situação, procure ajuda especializada. Várias entidades e profissionais da Psicologia estão disponibilizando atendimento virtual, a partir da psicoterapia ou plantão psicológico”.

O psicólogo Saulo Almeida, mestre em Psicologia Social (UFS), especialista em Psicologia, Organizações e Trabalho/Unit orienta que, na medida do possível, é importante manter a rotina, exceto sair de casa ou evitar lugares com aglomerações. “Não se prescinda do autocuidado. Fazer uma lista de interesses, tomar banho, cuidar do cabelo, avaliar como está se sentindo, cuidar da alimentação e do sono, entre outros cuidados. Como estamos muito mais próximos, de modo mais duradouro, procure olhar a posição do outro a partir outra perspectiva, a fim de minimizar situações de conflito. Adotar o diálogo a fim de lidar com situações desestabilizadoras pode ser uma boa opção”.

Fernando Antônio, Camila Calça e Saulo Almeida são unânimes em dizer que manter-se aberto às experiências é muito significativo, pode ser em termos dos cuidados consigo mesmo, cuidar da casa, experiências culinárias ou leituras. Silenciar e ter tempo para si mesmo pode ser uma experiência muito válida.

“Não se deixe inundar pelo excesso de informações. É adoecedor acessar notícias e informações sobre a pandemia. Informe-se o suficiente para compreender os casos, buscando minimizar o pânico ou o desânimo. Tente conversar sobre outros assuntos, principalmente aqueles que lhe satisfazem ou que te desperta curiosidade”, preveniu Fernando Antônio.

“Organize o tempo para o que você considera importante. Distribua seus horários diários entre os cuidados consigo e com os outros, para descanso, para as atividades da casa, para se informar, para um hobby ou para o estudo”, completou Camila Calaça.

“Como dito anteriormente, essas são apenas sugestões, e que podem contribuir para nos mantermos saudáveis mentalmente e poder cuidar dos mais necessitados. Neste momento, solidarizar-se, de forma equilibrada, é fundamental”, finalizou Saulo Almeida.

Amália Roedes/Assessoria