Disfunções temporomandibulares atingem entre 10% a 15% da população global e podem ser confundidas com dores de cabeça

O estresse e a ansiedade podem transformar tensão emocional em dor física, desencadeando problemas na Articulação Temporomandibular (ATM), que afetam a qualidade de vida e o bem-estar. Dores no maxilar, dificuldade de mastigar e estalos ou travamentos das articulações da mandíbula estão entre os sintomas mais comuns das disfunções temporomandibulares (DTM).

Estudos sugerem que entre 10% a 15% da população global sofre de algum grau dessa condição, que é relatada como uma dor latejante e desconfortável. O cirurgião bucomaxilofacial Dr. Mark Jon Sabey explica que as dores causadas pela disfunção são frequentemente confundidas com dores de cabeça.

“Muitos pacientes confundem essas dores com uma dor de cabeça, enxaqueca. Mas na verdade, estão com dores musculares, especialmente nos músculos temporais, que ficam nas laterais da cabeça. Além disso, também sentem bastante dor nos músculos masseteres, localizados na lateral da bochecha, na região do ângulo da mandíbula. Esses músculos podem ser facilmente percebidos quando se aperta e fecha a boca com força, pois é possível sentir a contração. Além disso, há músculos mais internos, como os pterigóides, que também costumam causar dor devido à função excessiva dessa musculatura”, diz o especialista.

Uma revisão de estudos publicada no Journal of Oral Rehabilitation indicou que o estresse e a ansiedade estão fortemente associados ao desenvolvimento e à exacerbação das DTMs. A tensão emocional pode levar ao aumento da atividade muscular e hábitos parafuncionais, como apertar os dentes.

“Notamos um aumento no número de pacientes com esses sintomas no período pós-pandemia. Por isso, é crucial conversar com o paciente para entender o que pode estar causando a dor. Se o paciente me diz que a dor piora no final do dia, isso indica que ele está apertando os dentes durante o dia todo. Esse hábito, muitas vezes resultado de ansiedade e estresse, acaba sobrecarregando a musculatura, que fica cansada, e a articulação sofre com a força excessiva ao longo do dia”, pontuou Mark Jon Sabey.
 

Tratamentos

Tratar as disfunções da ATM pode restaurar a qualidade de vida. O tratamento da Disfunção Temporomandibular (DTM) causada por estresse e ansiedade requer uma abordagem multidisciplinar.

"Os pacientes que chegam até mim geralmente têm algum episódio significativo de estresse que desencadeou o hábito parafuncional, resultando nas dores que eles sentem”, relatou. Nesses casos, é fundamental que a tensão emocional seja abordada, inicialmente, com o auxílio de psiquiatras ou psicólogos.

Já no consultório do cirurgião bucomaxilofacial, o tratamento, na maioria dos casos, consiste no uso de uma placa para ATM.

“Na grande maioria dos casos, a literatura mostra que 95% dos pacientes podem ser tratados apenas com o uso de placa e mudança de hábitos. No entanto, cerca de 5% dos pacientes continuam a apresentar dores articulares persistentes, o que pode requerer a evolução para um tratamento cirúrgico. Atualmente, o tratamento preconizado é minimamente invasivo, que pode ser realizado tanto no consultório quanto no centro cirúrgico, por meio de uma lavagem da articulação”, completou.

Sobre o Dr. Mark Jon

Graduado em odontologia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), o Dr. Mark Jon Santana Sabey é especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (CTBMF) e também em Implantodontia pela Universidade Cruzeiro do Sul.

É mestre em clínica odontológica pela UFS, professor de Cirurgia Oral da Faculdade Ages e cirurgião bucomaxilofacial nos hospitais Unimed e Primavera, além do Centro de Especialidades Odontológicas de Nossa Senhora do Socorro.

Também integra o Centro de Tratamento Ortofacial (CTO), onde atua em conjunto com os cirurgiões Dr. Lucas Guerzet e Dr. Breno Barbosa, na realização de diversos procedimentos, em especial, cirurgias ortognáticas e artroscopia da articulação temporomandibular (ATM).