Medicamento para disfunção erétil pode ser um risco para quem faz o uso de maneira recreativa e indiscriminada
Prescritos com o intuito de proporcionar melhor qualidade de vida a pacientes que sofrem de impotência sexual, os medicamentos que atuam no aumento do fluxo sanguíneo no pênis são alternativas comprovadas na melhora do quadro de disfunção erétil. Mas o uso indiscriminado e sem acompanhamento do famoso comprimido azul e de outros medicamentos da classe pode ser altamente nocivo à saúde.
O urologista Diego Marques explica que a tadalafila é uma substância utilizada para tratamento de disfunção erétil porque auxilia na obtenção e/ou manutenção do pênis ereto. Mas ela não é estimulante, o que significa que sem o estímulo sexual, a tadalafila não vai causar ereção. Além disso, o Dr. Diego destaca que, quando utilizada de maneira indiscriminada, a medicação pode provocar o efeito contrário e até dependência psicológica.
“Quando o homem acredita que precisa da tadalafila para alcançar o desempenho sexual desejado, ele acaba virando refém do uso do medicamento. O remédio não causa vício orgânico, ou seja, o corpo não vicia, mas causa um vício psíquico de ele achar que só é capaz de ter uma ereção se tomar o remédio, coisa que ele não precisa”, alertou.
O especialista explica também que o diagnóstico de disfunção erétil é multifatorial e que é necessário consultar um médico urologista para definição do melhor tratamento a ser utilizado. “Não existe uma causa para a disfunção erétil. Normalmente, o paciente acha que o problema nunca é psicogênico. Ele sempre acha que a causa é orgânica. Então, ele vai buscar um possível diagnóstico e um tratamento para uma causa orgânica que não existe”, afirmou Dr. Diego Marques, que possui Fellowship em Uro-Oncologia pelo Hospital Oncológico Aristides Maltez Salvador (BA).
Ainda de acordo com o urologista, caso seja identificado que a disfunção erétil do paciente ocorre por fatores psicogênicos, ele deve ser encaminhado para tratamento com terapeuta sexual. Nesses casos, também é preciso um trabalho de conscientização e de quebra de paradigmas. “O principal é convencer o paciente de que ele tem uma causa psicogênica, pois a maioria dos pacientes não se convence disso. É preciso existir uma iniciativa por parte dele. A cada dez pacientes que eu encaminho para terapia psicogênica, apenas dois procuram. Mas os que procuram tem melhora de quase 100%”, destacou.
Uso indiscriminado
Segundo um levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (PróGenéricos), a tadalafila está em 9° lugar na lista de medicamentos genéricos mais vendidos no Brasil em 2023. O uso indiscriminado tem contribuído com esse crescimento, principalmente porque os genéricos são opção segura, eficaz e economicamente acessível.
“O incentivo ao uso indiscriminado entre os jovens normalmente ocorre por indicação. Muitos homens têm vergonha de dizer que estão com disfunção erétil, então, eles se sentem mal por isso. E muitos acabam procurando coisas na internet, dicas com amigos. O paciente jovem saudável que possui disfunção erétil não vai ter fator de risco para ter uma disfunção orgânica, na maioria das vezes, ela vai ser psicogênica” reforçou o urologista Diego Marques.
Para o especialista, campanhas de conscientização sobre a importância da ida regular ao urologista são essenciais não apenas para prevenção e diagnóstico de disfunção erétil, mas de diversas outras doenças. “A consulta regular com o urologista é importante para prevenir diversas doenças que afetam o sistema urinário e o aparelho genital masculino. Além disso, a consulta preventiva facilita o tratamento de doenças em seu início, como cânceres de rim, pênis e próstata”, finalizou Diego Marques.
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